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Fragmentos Draconianos N9: As sementes de um futuro de Luz

 

Fazia três dias que estávamos procurando por aqueles Drakkars que, segundo um velho contato da Ordem de Sekhem, estavam escondidos próximo às cavernas em Ankh-Tawy. Long’er e eu já tínhamos olhado a região, mas não tínhamos ido até aquele lugar em especial.

– Sabe, Meresamun – chamou-me Long’er – Já faz cinco anos que estamos nessa jornada, semeando o conhecimento sobre a forma Imane, sobre as Mansões Lunares e, ainda, mesmo com o poder da Sela, não consigo vislumbrar um mundo próximo que seja próspero para os Drakkars.

Long’er, com aquela tal Sela da Eternidade, tinha o poder de ver o futuro e o passado e, claro, todas as opções que poderiam ser tomadas. Porém, mesmo com aquela bênção divina, o massacre do qual sobrevivêramos, onde muitos de nossos queridos amigos foram assassinados covardemente pelo Clã dos Protetores, tinha mexido profundamente com ela.

– Sabe do que eu sinto falta? – perguntei, tentando mudar seu foco para algo mais leve.

– Do quê? – ela sorriu.

– De vê-la usando as Garras de Sekhmet que nós lhe demos no dia de sua iniciação na Ordem de Sekhem.

– Eu as guardo com todo o carinho do mundo – disse Long’er – Mas, com o poder dos Sopros na forma de Terceira Grandeza, usá-las não faria sentido algum. Não existe Drakkar ou Protetor que possa me enfrentar. Por isso não preciso recorrer às minhas belíssimas Garras de Sekhmet – ela sorriu, tentando bajular as garras.

– Sinto falta da Rainha Leonesa... – comentei, lembrando-me de minha mestra.

Nós estávamos nos aproximando das cavernas enquanto Rá iniciava sua descida ao submundo. Assim, logo a noite estaria sobre nós e o calor escaldante daquele deserto se dissiparia.

– Tenho certeza de que a Rainha está bem... – disse Long’er – Mas, o que eu não entendo, é de como você abdicou da chance de usar a coroa dela, para vagar comigo pelo mundo.

– Abdicaria mil vezes mais – sorri, abraçando-a – Você é mais importante do que o poder da Rainha Leonesa.

Desde que fôramos salvas pela avó de Long’er, durante a guerra sangrenta contra os insurgentes Drakkars que enfrentaram o Grande Palácio dos Protetores, nós duas peregrinávamos pela Terra, juntas, como as melhores companheiras do mundo. Ela, depois de um tempo, finalmente cedeu ao seu coração e passou a demonstrar um carinho incomparável para comigo. E, eu, claro, não podia estar mais feliz.

– Veja – ela apontou para uma caverna – Acho que é lá...

– É o que parece... – comentei.

Seguimos em direção à caverna e nos aproximamos com cuidado. Não podíamos assustar os moradores do lugar, visto que poderiam fugir e nunca mais os acharíamos; pois muitas cavernas daquela região eram interligadas em um complexo emaranhado de túneis.

Entramos naquele lugar escuro e, depois de alguns minutos andando a esmo, ouvimos o som de conversa.

Seguimos pela escuridão, guiando-nos pelo som e, logo, avistamos o que parecia ser uma espécie de iluminação trêmula, como se fosse a luz de uma pequena tocha.

– Acho que tem gente ali – eu cochichei, apontando.

– Vamos devagar... – sussurrou Long’er.

Andamos mais um pouco até chegarmos a uma área mais larga e alta do interior da caverna, onde uma pequena família parecia fazer sua refeição à luz de uma simples tocha.

– Que a paz esteja com vocês... – disse, cumprimentando-os.

Eles se assustaram e se levantaram. O pai, mais velho, posicionou-se entre nós e sua família.

– Quem são vocês? – ele disse, nervoso e amedrontado – Nós só queremos paz. Não queremos problemas!

– Fiquem calmos – disse Long’er – Meu nome é QingLong e eu sou uma Drakkar – ela iluminou seu olhos com o brilho azul de seu Elemento – E essa é Meresamun... – ela apontou para mim – Ela é uma das Leoas da Ordem de Sekhmet.

Ora, Long’er também o era.

– Você também... – ri.

– Uma Leoa! – disse a esposa daquele homem, vindo em minha direção e se prostrando.

A Ordem de Sekhmet, conhecidamente composta apenas pelo sexo feminino, era muito admirada por todas as mulheres das Terras Negras e, assim, o respeito daquela mãe de família era algo natural. Ela era também, no seu íntimo, uma Leoa ao seu próprio modo.

Assim nos fomos convidadas a nos juntar a eles para comer e, sabendo que encontraríamos Drakkars que, estando escondidos, estavam nas maiores dificuldades, levávamos muita comida e água conosco para ajudar.

Desse jeito, para a felicidade deles, pudemos fazer um banquete e, nele, Long’er explicou a cosmogonia Drakkar e como era possível se unir ao Todo, acessando poderes além da imaginação, como as Formas Imane e de Primeira Grandeza.

Aquele era o nosso jeito de semear um conhecimento que, agora secreto, era estritamente proibido pelo Grande Palácio dos Protetores; cujas mestras, das quais a avó de Long’er já não fazia mais parte, ordenavam a caça e a execução de qualquer Drakkar que procurasse ou disseminasse aquele conhecimento.

Segundo nosso propósito, Long’er e eu viajávamos pelas mais diversas terras, visitando os mais estranhos povos e, claro, vivendo nossa vida, tentando nos divertir e nos apreciar como pudéssemos. Afinal, ao contrário dela, meu tempo no mundo era finito e eu precisava fazê-lo valer a pena.

 

 

A Saga Draconiana – Fragmentos Draconianos

TAGS: Dragão, Dragões, Fantasia, Literatura Fantástica, Drakkar

A. G. Olyver

 


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